19.8.10

Agrado Passense

Minha conterrânea, a jornalista Vera Pagliuso (quem quiser acompanhá-la, inclusive em programa de rádio, clique aqui), faz um agrado nesse hominho aqui, que vive no osso. Vejam a matéria e digam se não tenho de estar feliz com uma coisa dessas. Obrigado, Vera.

6.8.10

Musical Variado

Para Rick Bell, Sabão e Tacilinho


Blues


Quando sair de cena, minha senhora, não esqueça no varal suas roupas íntimas nem no lençol seu cheiro de maçã.


Esqueça de vez a primeira e a última palavras que trocamos. As contas penduradas e as noites maldormidas em madrugadas de filmes ruins faça de conta que nunca existiram.

Deixe valer seu charme na próxima esquina. Ou explore a força de suas pernas e ponha-se a correr ladeira abaixo, sem olhar pra trás, sem olhar pro lado, sem se dar pelos perigos.

Não me escreva correios eletrônicos ou correios elegantes em noites juninas. Não telefone ao cair da tarde ou no auge de pileques de bebidas baratas.

Gaste seu dinheiro, mulher, moça e menina, em bacanais assexuados e jogos de azar. Não invista.

Todo sol é princípio de escuridão.

Jazz

O silêncio tem amizades suspeitas. Nos anos de chumbo, amasiou-se com o medo. Juntos improvisaram escuridões. Resistentes, poetas cantaram assim mesmo. Bill Evans, alheio a tudo isso, passou ao largo em solos lunares.

Anônimo, um menino do interior das nuanças tropeçou num desses solos e soprou a Chet Baker um sustenido de amor. Foi a gota fértil que faltava para tudo tomar outro rumo, no qual o silêncio não se furtou de fazer das suas, aconchegando-se à alegria num bebop febril.

Valsa

Não somos de soma.

Não somos quadrados.

Somos quem abraça o outro no calor das notas suaves.

Vamos pra lá e pra cá levados pelo vento.

Sabemos o alfabeto do corpo em movimento e sonhamos requebrar em praça pública.

Tango (trecho do poema Tangos de cera)

O homem do lado cheira a fracasso/ O homem no bar bebe o gargalo/ O dono do bar tem tanta grana/ E nenhum amor:/ Nunca comeu arroz doce/ Tapioca ou banana com canela.

O mundo é do ontem/ Do desencontro/ Do lodo.

Sinistros dias que conceberam a ilusão/  Não lustro sapatos para refletirem calcinhas/ Não sujo sapatos para insinuarem histórias.

Os  cegos  de  Sábato  têm  a  visão  do  bandoneon/ Os coelhos de Cortázar reproduzem-se com o esperma do bandoneon.

O conjunto faz o intervalo/ Uma lâmina traça outro pulso.

Outros, inclusive e principalmente o rock

O salão oval gosta de receber os que, sem ritmo, dançam conforme a música que não foi nem será tocada. 

1.8.10

Um novo projeto

Se você está passando por aqui meio por acaso, sugiro-lhe fortemente dar uma fugida até o Estilingues. Lá está descrito um projeto bacana no qual eu e minhas amigas Cristina, Marilena, Miriam, Nilma, Sonia e Vânia estamos metidos. Queríamos comemorar o aniversário de nosso encontro literário (quase 25 anos) e decidimos, para isso, conceber um projeto que possa ser um sopro leve no sentido de estimular a leitura no Brasil.

Até lá.