12.4.13

Que fevereiro foi esse?


Do ponto de vista do universo, dos universos, melhor dizendo, caiu um pedregulho na Terra, logo ali na Rússia. Um pedregulho, e todo aquele estrago. Como somos pequenos!
Duas estagiárias do Senado Federal foram demitidas por terem postado no Facebook a foto de uma ratazana encontrada na gráfica do próprio Senado ao lado de um comentário do tipo: “Renan Calheiros não é o único problema.” Abandono a discussão importante a propósito de se as meninas deveriam ou não ser demitidas, se as empresas deveriam ou não bisbilhotar a vida virtual de seus funcionários etc. e tal. Prefiro dizer que essa história mostra bem como o Renan está “pedindo”. Não só ele, claro, todos os senadores que o recolocaram como presidente da casa em que nem deveria entrar.
Há uns vinte anos, o médico que trouxe à luz meus filhos mais velhos mudou-se do Rio para Santa Catarina. Fugia da violência. O mundo dá voltas, camará.
Não entendo dos meandros do poder do Vaticano, sei avaliar, quando muito, como Bento XVI tem-se mostrado conservador em muitos assuntos. Logo, não reajo nem com alívio nem com apreensão a sua renúncia. Por outro lado, ri com algumas tiradas em torno desse assunto. No Facebook, além de lançarem Sarney, Lula e Malafaia como candidatos à sucessão, fizeram uma charge na qual o Papa incentiva a renúncia do Renan, pois, se ele, que é Papa, renunciou, o que impediria o senador de fazer o mesmo? Tenho amigos sérios e que entendem de política de modo geral, a do Vaticano em particular. Eles me disseram que alguns possíveis substitutos do Papa podem fazer com que consideremos light o conservadorismo do que se despediu em fevereiro.
Um acidente na Avenida Brasil envolvendo um ônibus não é raro, mas acidente provocado por conta de um passageiro indignado ter agredido o motorista que não quis parar fora do ponto já não é assim tão comum. O passageiro é um desequilibrado, não resta dúvida, e, se hoje ele agride por motivo tão banal, amanhã poderá fazer coisa pior por outros vãos motivos. Não conheço o desfecho da história, mas aproveito o incidente para refletir sobre o seguinte: ponto de ônibus no Rio de Janeiro é mais uma ideia do que um lugar onde as linhas A e B param e a C não. Sim, os motoristas fazem o que querem. Não só eles, nós, os passageiros, igualmente. É um tal de pedir ao “motô” — somos sempre transgressores gente boa — para abrir a porta um minutinho. Além disso, acho incrível uma coisa: em frente a minha casa, há um recuo para os ônibus pararem para embarque e desembarque. Com isso, saem um pouco da rua, e o trânsito flui normalmente. O que acontece? Os passageiros ocupam esse lugar, e os ônibus param no meio da rua, e a rua vira o caos. Somos miúdos, mas nossa estupidez não.
Vaticinei há um tempo: Yoani Sánchez não viria ao Brasil. Naquela época, não viria por não conseguir o visto para deixar Cuba. Pois bem, minha “profecia” se concretizou, só que agora, apesar de ter estado por aqui, ela continuou não vindo, pois não a deixamos circular livremente, lançar seu livro, participar do debate sobre um filme no qual dera um depoimento. Cerceamos a moça que, se não tivesse sido constrangida, poderia ter respondido a muitas perguntas que esclarecessem exatamente quem ela é. Qualifico essa passagem da blogueira por aqui como um vexame nacional. 

Fevereiro não foi um mês como outro qualquer. Nunca é, por causa do carnaval, essa coisa toda. Mas a renúncia do Papa, a queda de um meteoro e a vinda/não vinda da Yoani Sánchez ao Brasil tornaram o esquisitão fevereiro mais esquisitão ainda. Que doideira! 

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E veio março. Um Papa Argentino: de um lado, mais piadas e, de outro, uma esperança política na sua figura controversa. E outra briga num ônibus municipal no Rio de Janeiro vitimou 7 pessoas. E três homens, enlouquecidos e reincidentes, estupraram na van (deveria ser apenas mais uma possibilidade de transporte público) uma turista francesa. Esperamos por abril ou já jogamos a toalha e ficamos na expectativa de 2014?